Houve um
tempo que eu tomava a morte como um símbolo, uma representação de algo remoto,
uma leve fagulha num túnel incrivelmente extenso. Na minha mente infantil, esse
túnel levara meu avô, minha bisavó, minha tia-avó...Não sentia que fosse algo
natural, era apenas...distante.
Com o
passar dos anos, outros vieram a trilhar o mesmo caminho, minha tia, amigos de
parentes, vizinhos...mas a luz ainda era fraca, mal se podia enxergar. Uma
ausência era percebida, sim, mas logo se esvaia diante da alegria das
brincadeiras que, para um menino de 12 anos, eram tudo o que mais importava no
mundo.
Então, há
um momento em que a morte passa a ser uma realidade, natural, que seja, mas
incrivelmente cruel. Pessoas importantes se vão (não que as outras não tenham
sido, mas AGORA era diferente), minha avó, meu tio querido... A dor é imensa,
mas aquela luz não queima, ela é visível o suficiente para que eu saiba que ela
existe, mas ela não me amedronta, só traz ( e causa) saudade.
Obviamente,
pessoas continuam partindo ao longo dos anos, mas chega uma hora que você
percebe que essas pessoas não são mais aqueles parentes, vizinhos e amigos mais velhos dos
seus pais...são os SEUS amigos, colegas de escola, de trabalho, pessoas da SUA
idade. Aí, então, você pára e percebe que agora tem a idade que seus pais
tinham na imagem eterna que tem deles na memória... E talvez pela primeira vez,
você sinta medo! Eu senti...
O único e
verdadeiro conforto é crer e saber que Deus está no controle de tudo. Não há nada, meus amigos, que NÓS possamos fazer.