A expressão em inglês “ a skeleton in the closet” (um esqueleto no armário) talvez sirva para ilustrar de alguma forma o ainda palpitante caso do goleiro Bruno. Até pouco tempo ele era um dos ídolos do Flamengo (time que inegavelmente possui a maior torcida desse país), era ovacionado e admirado onde quer que fosse e, de repente, seu mundo virou do avesso; de herói passou a ser visto como vilão, de “artista” do futebol tornou-se um assassino frio e calculista. As portas e janelas foram se fechando todas às suas costas, à medida que as investigações foram apontando cada vez mais a sua culpa. Agora eram milhões apontando-lhe dedos, outros milhares referindo-se ao seu infortúnio com escárnio. O paraíso de meses atrás havia se transformado em um inferno no qual talvez jamais tenha imaginado estar.
Obviamente não tenho como objetivo dizer que acredito na inocência do rapaz. Embora nossa lei diga que ninguém é culpado até que se prove o contrário, até agora tudo indica que ele participou dessa ação criminosa e, independente de ter sido o arquiteto ou executor do ato, deve pagar por isso na prisão. Minha reflexão segue em outra direção: e se ninguém tivesse descoberto esse crime? E se o fato tivesse passado despercebido como todas aquelas histórias que ouvimos dos “desaparecidos” da época da ditadura no Brasil, por exemplo? Quantos desconhecidos passam por nós todos os dias carregando consigo suas histórias secretas, e pior, quantos conhecidos nossos têm os seus esqueletos escondidos no armário? Adicione à receita e imagine os sociopatas e/ou psicopatas agindo “normalmente” no trabalho, no seu bairro ou até mesmo no seu grupo de amigos.
Todos temos os nossos segredos: situações embaraçosas, desvios de conduta, comportamentos dignos de crítica, talvez até de repulsa...erros de percalço que preferimos deixar velados e guardados lá no fundo do baú do passado, mas até que ponto esses desacertos poderiam mudar completamente nossas vidas? Os meus talvez me deixassem, no máximo, de castigo no sofá da sala... e os seus?
Os 5 + dos anos 80
Há 14 anos